Ameaças, porte de armas e uso de drogas por alunos, além de agressões
verbais e físicas. Estes são problemas diários enfrentados por
professores e estudantes nas escolas de Salvador. Problemas como estes
estão entre as 203 ocorrências policiais relacionadas a escolas
registradas na Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI) no ano
passado. Isto corresponde a cerca de uma ocorrência por dia, uma vez
que o ano letivo das redes pública e privada tem 200 dias. Neste ano, 42
casos tinham sido registrados para 57 dias letivos (média de 0,7).
Deste total, no entanto, não há um número específico de violência
contra os professores. A APLB-Sindicato diz que tentou, em três
oportunidades, realizar pesquisa para obter dados sobre agressões de
alunos contra docentes, mas não obteve sucesso. "Os professores têm
medo de falar, de se expor, e sofrer uma agressão ainda maior depois",
disse o secretário da APLB Claudemir Donato, que trabalha há mais de
cinco anos com a violência nas escolas públicas.
Sem registros - As secretarias estadual e municipal da
Educação também não têm registros sobre agressões a professores.
Segundo Donato, a elaboração de uma pesquisa sobre agressão contra
professores seria um grande incentivo para a elaboração de políticas
públicas de combate à violência em sala de aula. "O clima de insegurança
é crescente nas escolas, principalmente contra professores, que não
conseguem desenvolver bem o trabalho por medo", afirmou.
Na semana passada, o tema ganhou destaque no Brasil com a divulgação de
uma pesquisa realizada em São Paulo, que revelou um dado preocupante:
44% dos professores já sofreram algum tipo de violência nas escolas
paulistas.
Relatos - A TARDE entrevistou um grupo de dez
professores e diretores da rede pública de Salvador de diversos locais,
como Boca do Rio, Avenida San Martin, Costa Azul e subúrbio. Os docentes
contaram que já foram ameaçados e até agredidos verbal ou fisicamente
por alunos. Por questão de segurança, a maioria deles pediu para não ser
identificada.
Diretor do Colégio Estadual Ruben Dario, Antônio Pimenta contou que tem
que lidar com a violência contra professores, como também entre alunos,
diariamente.
"Somente este ano, já recebi uns 30 telefonemas com ameaça de morte. Antes, os atos violentos na escola eram exceção, mas hoje estão se tornando regra", desabafou.
"Somente este ano, já recebi uns 30 telefonemas com ameaça de morte. Antes, os atos violentos na escola eram exceção, mas hoje estão se tornando regra", desabafou.
Segundo ele, nesta escola, Fazenda Grande do Retiro, um segurança foi
morto por um aluno no banheiro e estudantes já roubaram armas de
policiais dentro da unidade. Enquanto a equipe de reportagem
entrevistava o diretor, um aluno entrou na sala da direção e contou que
um colega havia roubado sua calça enquanto jogavam futebol. "Aqui você
tem que ficar ligado o tempo todo senão te roubam tudo", disse ele.
Uma diretora de uma escola municipal na região do Costa Azul, que pediu
para não se identificar, contou que já foi ameaçada diversas vezes por
pais e alunos.
"Uma vez, uma mãe disse que ia me dar um tiro entre os meus olhos porque eu falei que o filho dela não poderia trocar de turno", relatou.
"Uma vez, uma mãe disse que ia me dar um tiro entre os meus olhos porque eu falei que o filho dela não poderia trocar de turno", relatou.
Professora de história da rede estadual, Cléo Silva afirmou que as
atitudes violentas de alunos são comuns. "A escola é reflexo da
sociedade. Os alunos acabam levando suas experiências de fora para as
escolas", disse.
Aumento - A delegada titular da DAI, Claudenice Mayo,
afirmou que, apesar de não haver ocorrências específicas, o número de
atos violentos contra professores nas escolas aumentou nos últimos anos.
"Este é um problema grave, porque a escola é lugar de aprendizado e não
de violência", ressaltou ela.
Segundo a delegada, tanto os números de 2012 quanto os de 2013 são
expressivos. "Estes números são menores em relação ao que ocorre nas
escolas, porque há vezes em que os professores não levam o fato à
delegacia", afirmou.
Ela lembrou ainda eventos recentes ocorridos em escolas, como o caso do
professor de 69 anos que foi agredido por um aluno na saída do Centro
Educacional Carneiro Ribeiro, na Caixa D'Água, no final do ano passado.
Claudenice informou ainda que o adolescente pode sofrer sanções que vão
desde medidas socioeducativas até internamento de no máximo três anos
na Comunidade de Atendimento Socioeducativo (Case), que funciona no
bairro de Tancredo Neves.
A Polícia Militar informou que todos as companhias independentes de
Salvador têm um guarnição com uma viatura que realiza o trabalho de
ronda nas escolas e nas imediações das unidades.
Além disso, a PM realiza a chamada Operação Ronda Escolar, que conta
com 400 policiais militares, 15 viaturas e dez motocicletas. Além da
ronda, a corporação promove seminários, palestras e apresentações
teatrais nas escolas sobre violência.
Violência - Para a psicopedagoga Ivana Braga, quando
um aluno comete um ato violento contra um professor, o docente deve
buscar diálogo: "Muitas vezes o aluno age dessa forma por não conhecer
outros caminhos. O modelo que ele encontra lá fora é o que ele traz.
Cabe ao professor oferecer novos modelos", disse.
Segundo ela, punir o aluno não resolve o problema. Uma das soluções é a
realização de assembleias escolares: "É uma reunião feita em grupo que
contribui para a construção de valores e da cidadania de forma
democrática".
Fonte:http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/materias/1504613-professores-sao-alvo-de-violencia-e-ameacas-nas-escolas
Olá, Blogueiro.
ResponderExcluirChegou o BLOGS DO RECÔNCAVO.
http://blogsdoreconcavo.digasalinas.com
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